O que o Eu acho é pouco, João do Morro e o Afroreggae tem em comum.
Não sou contra cordinhas, nem "saudáveis segregações", nem pagode, nem qualquer tipo de música... sou contra incoerência. Inclusive incoerência é um termo bastante recorrente nas minhas rodas de amigos, conversas informais, dominó na praia, rodízios de pizza e/ou sushi, aqui em Recife, no Rio de Janeiro ou nas cucuias.
Cobro coerência sim. Sou incoerente sim. Mas me cobro muito também a coerência. Não acho errado você gostar de pagode não. Acho errado você dar uma de descolado, cult, underground, original olinda style ou o que quer que seja, e porque Schneider Carpeggiani, Regina Casé ou o escambau a quatro disse que João do Morro é bom, você comparecer e se esbaldar em todas as festas que João do Morro toca. Perdão, todas não. Ele toca em casas para os suburbanos, e você, claro, não irá. Mas se ele tocar numa boate gay, num bar 'sujinho porém descolado' da Rua do Lima, ou numa galeria "dos alternas", você sem dúvida irá.
Nos dias de hoje, cordão de isolamento nos "isola" (perdão a infame redundância) somente da realidade: que a segurança dentro é mínima, ou seja, é pura balela pra vender um pedaço de pano por um preço caríssimo alegando conforto e proteção. Esqueça. Dentro ou fora, é tudo a mesma coisa, um tão violento quanto o outro. Mas se é pra ter cordão, que tenha. Quem quiser se iludir, que se iluda. Quem achar que é segregação, que ache. Incoerência - inaceitável pra mim - é você ser de um grupo de jovens ditos segregados, de uma comunidade dita discriminada, e de um posicionamento dito "democrático" como é o Afroreggae, e no seu bloco colocar um cordão de isolamento para "os mais chegados". É aceitável?
Olinda, sábado de carnaval. Multidão amarela e vermelha, o dragão está nas ruas. Eu acho é pouco, é bom demais. Uma orquestra de frevo rasgando o som nas ladeiras da cidade patrimônio, e o povo rasgando o passo ao som da mesma. Um bloco dito democrático, fundado e frequentado por intelectuais, formadores de opnião, o bloco mais descolado-cult do carnaval pernambucano. Todo mundo se divertindo em um bloco realmente animado. Todo mundo menos a orquestra, que está trabalhando, coisa que o brasileiro faz bem. Nada mais justo que dar as melhores condições para quem não está brincando o carnaval e sim trabalhando: um mini cordão de isolamento para proteger os músicos da orquestra. "Porém, ah, porém. Há um caso diferente, que marcou num breve tempo... era dia de carnaval"... Porém a diretoria, opniões divididas, merecidamente ou não, usa da cordinha para - digamos - fazer um camarote vip, uma segregação a la Salvador-Bahia.
Bem... ranzizices a parte, só acho que ninguém deve levantar bandeiras se não tiver absoluta certeza do que pensa, do que fala. Coerência é artigo raro nos dias de hoje, e assim seguem minhas constatações sobre a vida e a hipocrisia contida nela.
p.s.: pensando bem, acho que no dia que pudermos ser totalmente incoerentes, estaremos livres de miséria, de preconceitos, de cobranças. enquanto isso, vou cobrando coerência. incoerente eu sou, né?
Bem... ranzizices a parte, só acho que ninguém deve levantar bandeiras se não tiver absoluta certeza do que pensa, do que fala. Coerência é artigo raro nos dias de hoje, e assim seguem minhas constatações sobre a vida e a hipocrisia contida nela.
p.s.: pensando bem, acho que no dia que pudermos ser totalmente incoerentes, estaremos livres de miséria, de preconceitos, de cobranças. enquanto isso, vou cobrando coerência. incoerente eu sou, né?
2 Comments:
AMEI o texto. Concordo com todo o conteúdo. Aliás, já haviamos conversado um pouco sobre isso. Por sinal, vai ter João do Morro, bora?
hahahahah
Deixa eu ir ao próximo post que eu já vi meu nominho ali e já não gostei do título.
Beijo
...gostei do texto.
Não sei nem quem é João do Morro (fico pensando se estou sendo coerente.. já q não gosto desse povo "alterna", sem preconceitos!).. ou se estou mesmo é desinformado.
Deveria postar mais..
Falow!
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